quinta-feira, julho 05, 2012

Segredo: Não te conto!


Escrever um texto.

Você não precisa de uma ideia inicial quando senta pra escrever um texto. E, na realidade, não precisa ter inspiração. Basta vontade de ativar o piloto automático que move os dedos e, a partir daí, seu cérebro vai se sentir instigado a pensar em algo. Aí você deixa o bicho se virar.

Já percebeu que meu cérebro não gosta de usar “para”. Ele prefere usar “pra”. Ninguém fala “para”. E é sempre melhor escrever do jeito que se fala.

Voltando à vaca fria;  até mesmo esse intervalo entre a falta de ideia e o nascimento do assunto, pode ser aproveitado no próprio texto. É o que acontece, digamos, exatamente agora! Isso é o que chamaríamos de “bem identificado texto vago”. Apesar de bem identificado como sendo texto vago, ele deixa de assim o ser, no momento em que o assunto específico, definido pelo cérebro, se torna a própria criação de textos. Dali pra diante, aquilo que era vago, se torna “enriquecedor”. A coisa muda de figura conforme o ponto de vista. A coisa muda de figura conforme a finalidade.

Então, com o assunto bem definido e com o pontapé inicial do texto já dado,  podemos reservar uns 6 a 8% do processamento do cérebro pra ir pensando num título. Enquanto seu cérebro vai digitando mecânica e automaticamente o texto, ele vai tentando encontrar um título que valha a pena. E ele tem que pensar num título interessante, chamativo e que faça a pessoa se interessar pelo que vem pela frente. Mesmo que o que venha pela frente não seja tão bom quanto o título. Uma verdadeira propaganda enganosa.

Os melhores títulos são propagandas enganosas.

Jornal faz isso sempre! Quem não é enganado, pelo menos 52 vezes por dia, com títulos mentirosos de notícias nos sites de jornais. Por exemplo, acabo de ver no techtudo o seguinte título:  “Androids infectados são usados para enviar spam”. Essa é a notícia de capa. Notícia que aparece em links externos para direcionar para o site em questão.  Isso chama a atenção. Você lê esse título e de imediato e já conclui o seguinte:

Conclusão imediata: Existe comprovadamente uma falha na segurança do android que permite o controle do aparelho por um programa invasor. Puxa que péssimo. Eu tinha impressão de que o Android fosse mais seguro. Agora tenho a certeza de que não é. Pobre Android. Pobre Google.

Essa é a conclusão instantânea e instintiva de quem vê um título como esse. Afinal de contas, o jornalista tem o dever de ser imparcial e ele jamais divulgaria, de forma tão enfática e chamativa, uma notícia como essa, a menos que seja a mais pura e comprovada verdade. Notícia que pode até mesmo influenciar a opinião dos consumidores no momento da escolha do seu próximo telefone.

Então você clica no link. Você quer conhecer os detalhes do “fraquíssimo Android”.
Ao carregar a página do site, você lê o título interno da matéria. Quase todas as páginas de jornais e notícias tem um título externo e um título interno. O título externo é aquele super resumido, que aparece em outros sites como forma de link para a matéria em si. O título interno é um pouco mais completo, que aparece no alto da página da própria matéria.

Quando cliquei no link dessa notícia do Android, apareceu pra mim a página da matéria e seu título interno, que era o seguinte:

“Androids infectados são usados para enviar spam, diz Microsoft”

Opa! Tá diferente! Substancialmente diferente. Antes nós tínhamos “Androids infectados são usados para enviar spam”. Uma verdade absoluta e científica. Comprovada por testes supostamente neutros, confiáveis, sem segundas intenções.  Agora, nós temos a fonte. E curiosamente, a fonte da notícia é a maior concorrente direta da Google (criadora do Android). Aí você tira sua segunda conclusão a respeito da mesma matéria, apenas lendo seus títulos:

Segunda Conclusão: Tudo bem, o jornalista tem sua credibilidade em jogo. Logicamente ele só publicou a matéria porque a Microsoft tem comprovações indiscutíveis a respeito do acontecido. Certamente a Microsoft provou por A+B que, de fato, os Androids estão contaminados e enviando spams. Afinal a Microsoft não iria fazer um papelão e falar besteira. O jornalista não iria divulgar uma besteira sem comprovação. Pobre Android. O segredo da sua fragilidade caiu logo nas mãos da sua concorrente. Pobre Google.

Então você parte pra leitura da matéria em si. E se depara com a seguinte justificativa do tão imparcial engenheiro da Microsoft:

“Zink tirou a conclusão a partir de um fato curioso: todos os e-mails de lixo eletrônico analisados possuíam a assinatura "Enviado pelo Yahoo! Mail do Android" no final do texto.”

¬¬

(Adoro esse olhinho =])

Ou seja! Simplesmente pelo fato de no final do texto contido nos spams, o infrator ter colocado propositadamente a frase “Mail do Android”, frase que pode perfeitamente ser adicionada em um email enviado, inclusive, por um Windows (infectado ou não por vírus), o engenheiro quer induzir as pessoas a pensarem que isso é uma prova irrefutável de que os e-mails são provenientes do Android. Então você tira uma conclusão:

Conclusão terceira: Pobre Microsoft, isso tudo é medo? Pobre jornalista, isso tudo é busca por acessos? É falta de matéria? E por fim você pensa....  Rico “título”, você faz toda a diferença!

Ou seja, o título de um texto pode ter mais peso na divulgação de um conteúdo que o próprio texto. Aliás, normalmente terá! Principalmente se levarmos em conta que a maioria das pessoas só lê o título. E dentre aqueles que lêem o texto, a maior parte não consegue entender nada, então, acaba gravando só a ideia do título, mesmo.

Conclusão: o título “é o cara”!

Então você tem que determinar qual é sua meta:

1 – Fazer com que as pessoas leiam seu texto.

2- Fazer com que as pessoas apenas cliquem no seu link para ir pro seu texto.  Ou seja, colocar um título externo bem chamativo, mas já desmascarado pelo titulo interno.

3- Transmitir uma ideia “quase certa” no título externo, fazer uma leve correção no título interno, com a matéria completamente no sentido oposto a todos esses títulos.

Se você quiser ganhar dinheiro com acessos, pense no item 2. Se você quiser ganhar dinheiro através de “notícias patrocinadas”, você estará no item 3, torcendo pra que o máximo de pessoas não entenda seu texto e guarde apenas o conteúdo dos títulos.

Agora, se você pensa como eu, e quer apenas que as pessoas se sintam estimuladas a ler seu texto, você está no item 1. E, nessa opção, você não precisa de um título que transmita a ideia completa do seu texto. Nem um título vá direto ao assunto. Você só precisa saber instigar.

E, nesse momento, aquela parte do cérebro que estava trabalhando em paralelo pra inventar o título do texto já completou sua tarefa.

Pensa comigo...

Alguma coisa ... instiga mais ... que um segredo? =]





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