sábado, setembro 30, 2006

Tá decidido

Tá decidido! Amar é para os burros!

Apenas os estúpidos “sem o que fazer” correm atrás dessa invenção de moda. Invenção que por sinal é muito mal feita. Pra quê se privar da própria liberdade pra receber como recompensa apenas a resposta de seu amor por outra pessoa? Não faz nenhum sentido.

Amar é deixar de fazer tudo aquilo que você sempre gostou. É negar tudo aquilo que você se tornou, se preciso for, apenas pra satisfazer as vontades da pessoa que você acha que ama. E os apaixonados se doam e afirmam com a boca cheia de orgulho que fariam tudo outra vez, igualzinho. Ora bolas. Além de burros são sem criatividade. Qualquer pessoa com um pingo de criatividade, se pudesse voltar no tempo e conduzir novamente a própria vida, mudaria um caminhão de decisões. É evidente!!!

Isso prova que os apaixonados, além de burros, são sem criatividade!

Caixa de bombom e flores! Por algum motivo sem explicação uma caixa de bombom é o “ó do borogodó” pros apaixonados de plantão. Mas qual é a vantagem que uma caixa de bombom tem em relação a, por exemplo, um pote de sorvete? Os dois são doces, gostosos e engordam. Ou seja, a mensagem é a mesma! É como dizer pro seu amor:

“Engorde feito uma porca que te amarei do mesmo jeito!”

Isso é o que diz um apaixonado quando presenteia com uma caixa de bombom!

E a flor? Assassinam a pobre planta pra que ela seja dada como presente! E os românticos suspiram com a tragédia da planta. Sem compaixão alguma.

Ou seja, prova que os apaixonados, além de burros, sem criatividade, são assassinos!!!

E o que me diz dos diminutivos? E a voz de criança? Por quê os apaixonados adoram fazer voz de criança pra pedir as coisas? Pois é!! Eles “involuem”!!! Desaprendem a falar! Afinam a voz! Dá vergonha! Presenciar um casal de apaixonados conversando pelo telefone causa a mesma sensação que ver um calouro se apresentando no programa do Ratinho. Dá vontade de mudar de canal por pena da vergonha do calouro. Não é? Quero dizer, toda vez que a gente vê uma pessoa passando muita vergonha na TV, dá uma vontade de mudar de canal pra ajudar a tal pessoa. Como se ela fosse passar menos vergonha se não estivermos assistindo. Algo assim!

Então, apaixonados, além de burros, sem criatividade, assassinos, “involuem” quando estão perto do alvo da paixão.

E com todo esse efeito colateral eles ainda dizem que amar vale a pena! Impossível! Qualquer retardado percebe que é melhor ter seu raciocínio intacto que tê-lo prejudicado. É evidente!

Ter uma pessoa cuidando de nós durante o resto da vida? Por R$ 350,00, salário mínimo, você contrata uma empregada que lavará suas roupas e cozinhará pra você! E te tratará com amor e carinho enquanto você pagar em dia.

É por isso que repito: Amar é para os burros!

Repita comigo você também:

Amar é para os burros (x35)

O “x35” indica que é pra repetirmos 35 vezes. E vamos fazer!

Repitamos todos, trinta e cinco vezes, e quem sabe passemos a acreditar nessa asneira!

Amar é para os burros (x35)

E talvez acreditemos também em todas as outras bobagens que escrevi hoje!

É engraçado como a inveja e o despeito escrevem tantas bobagens!

Bah!!!

AME! Perca sua liberdade! Fale como criança! “Involua”! Assassine uma flor e dê de presente! Goste do bombom! E faça tudo novamente ... igualzinho!!!

E se alguém disser que não vale a pena ... é porque ... sem dúvidas ...ele nunca amou!

Escute a narração deste texto<<<<<<<<<<<<<<<<

:)

domingo, setembro 24, 2006

Efeitos da modernidade

Sempre tenho a impressão de que cem anos atrás, ao contrário do que as pessoas dizem, tudo era mais simples pra um solteiro burro que busca a felicidade ou satisfação pessoal. Aliás, muito mais fácil!

Pense comigo! Um solteiro burro, em determinado momento da sua vida sem graça, decide procurar por aquela pessoa que vai FINGIR que o completa. Fingir ! Claro ! E esses fingimentos tantas vezes são tão bem feitos que duram o resto da vida. Mas não é esse o foco da nossa conversa de hoje.

Eu dizia que, em certo instante, o solteiro burro resolve procurar por aquela pessoa que conseguirá convencê-lo de que o amor é menos abstrato do que o povo conta. Na verdade ele não resolve PROCURAR. Procurar é muito pouco. Ele vai ENCONTRAR a tal pessoa. Nem que pra isso perca um braço ou perna.

Determinação. Vontade. Desejo.

São alguns dos muitos combustíveis do solteiro em questão. Solteiro que, aliás, vamos batizar de José pra facilitar as referências daqui pra frente.

Então, José em um momento de vazio inexplicável em sua vida, analisa, julga e determina em um veredicto contra si próprio que sua vida só terá sentido, de agora pra frente, se estiver ao lado de uma pessoa que pareça ser especial.

Essa pessoa não precisa ser especial DE FATO. Se ela souber tapear o José, já serve!

Agora, voltando ao início da conversa, se José tivesse nascido em 1900, homem, solteiro, trabalhador, ele daria início a uma peregrinação de família em família, dentro da sociedade machista e sem sentido da época, pra encontrar a sua noiva e, quem sabe, futura amada.

Então, durante esse processo de avaliação e seleção, ele seria detalhadamente estudado pelo orgulhoso pai da pretendida. Seria examinado através de uma aberturazinha da janela do quarto do andar de cima, entre as cortinas, pela felizarda. E falaria com tom de voz confiante, ao pai, que sua filha teria tudo do bom e do melhor. E que ele não se arrependeria do genro que estaria ganhando.

Se a lábia colasse, se a o pai acreditasse, ele estaria noivando dentro em breve. Então, a partir daí, se não quisesse conversar com a noiva, bastaria não ir em sua casa. A noiva jamais teria permissão pra sair de casa sozinha, em procura do noivo. Ou seja, o contato, a presença, a conversa estaria cruelmente condicionada à vontade do José.

Do ponto de vista da mulher solteira, ela ficaria a espera de um pretendente que apareceria, cedo ou tarde, pedindo sua mão em noivado. Prático e triste. Mais triste que prático. Mas é prático! Ninguém pode dizer o contrário.

Então, era tudo mais simples. Bastava o rapaz comprovar que era um “bom partido” e prometer que não iria desrespeitar a menina, pelo menos na frente da sociedade. Em contrapartida a menina fingiria estar interessada pelo rapaz, e pronto. Fórmula mágica e ridícula. Mas prática.

E veio a modernidade. E sem saber quando, tirou toda essa praticidade. Veja! Hoje em dia você conhece pessoas interessantíssimas pela internet. Interessantíssimas até o momento em que você formula a mesma pergunta de uma forma um pouco diferente, pra pegar as mentiras. E você pega!!

Então, você a bloqueia! Ou seja, você impede que ela saiba que você está conectado na internet. Pra quem não está acostumado com programas de conversa pela internet, essa atitude recebeu o nome de “bloqueio”. E nunca mais volta a conversar com ela. E ela, por sua vez, depois de alguns dias te exclui do programa de conversa. Até aí, tudo bem!

Até agora a tecnologia não atrapalhou em nada. Tudo isso é quase tão prático quanto lá em 1900.

Mas é uma praticidade que não ajuda muito. O problema REAL da modernidade começa quando você ENCONTRA a pessoa certa. Você escreve, pela internet, algumas poucas palavras e fica fundamentalmente surpreso com a resposta. E reformula a mesma pergunta de uma maneira diferente e percebe que ela também reformulou a mesma resposta de uma maneira mais criativa ainda. E você se encanta! Encanta com o raciocínio. Encanta com o humor. Curioso que a tecnologia é a única maneira que permite conhecer as idéias de alguém, sem interferência visual.

Mas até agora a tecnologia não parece atrapalhar tanto. Né?

É! Mas lembre-se que estamos falando de um solteiro burro. E burros independentemente de solteiros ou não, têm severas limitações. Principalmente pra explicar o que passa dentro da cabeça burra de um burro.

Imagine que nosso José se conectou na internet pela primeira vez. E pouco tempo depois conheceu uma menina que dificilmente seria real. Impossível ser real. Ele custa a acreditar na possibilidade de existir alguém tão próxima do que ele considera “a perfeição”. Então não pode ser real. Mas é.

E eles, com esse recurso maravilhoso da internet, passam a se conhecer e divertir. Mas José é um solteiro burro. Pessoas assim não tem idéia do momento certo pra agir. Perdem oportunidades. O tempo passa. José só percebe as oportunidades quando elas estão marcadas no calendário do ano anterior.

Então, José percebe que a grande oportunidade se foi. E mesmo burro, sabe que oportunidades não voltam. Não da mesma forma. Não com a mesma intensidade.

E junto a tudo isso, José entende que ele passou a estar bloqueado por aquela menina que tanto aprendeu a admirar. Bloqueio natural do mundo moderno. Nada demais. Mas um burro não entende “o natural”. Um burro não entende “o normal”.

Em 1900, o solteiro burro não seria rejeitado pela pretendida. Ele seria rejeitado pelo pai. É muito mais fácil aceitar a rejeição do Pai da menina. É uma rejeição mais fria. Analítica. Após a rejeição ele jamais veria a família ou teria contato. Jamais manteria esperança. Ficaria resignado. E partiria pra outra tentativa de convencimento.

O José de hoje revive a rejeição, diariamente, através dos bloqueios e sumiços de pessoa que antes freqüentava seu fim de noite. E, quisesse sofrer mais um pouco, leria as felicidades de sua pretendida, através de Blogs e Orkuts. Magoado cada vez mais pela oportunidade perdida. Leria. Mas essa leitura José não faz. Existe sempre um limite pra burrice. Até mesmo pro nosso José.

Em contrapartida, a modernidade proporciona a ausência de testemunhas. Você é o único que sabe que está sendo colocado de lado. Os constrangimentos são poucos. Quase nenhum. Mas o burro do José não sabe aproveitar essa falta de testemunhas. Por ser burro, ele usa a tecnologia e dá seu testemunho pra quem tiver interesse em conhecer a história sob o ponto de vista de um burro. E assim, ele publica na internet trechos de sua história. Sem revelar nomes ou datas. Claro! Ele é burro mas respeita a privacidade das pessoas.

No fim das contas o José não sabe o que é pior. Os encontros imbecis e práticos de 1900 ou a rejeição revivida dia a dia graças à modernidade.

Se eu estivesse em situação diferente do José eu tentaria dar algum conselho pra ele.

Tentaria.